Desbloqueio por reconhecimento facial deve ser desinstalado, aponta especialista

01/12/2022 3 min de leitura

Conheça a diferença entre reconhecimento e biometria facial e aprenda dicas para proteger os seus dados

O crescente número de roubos a dispositivos móveis para a realização de transações bancárias como o Pix tem promovido o debate entre especialistas e alarmado os usuários. A preocupação não é à toa. Dados apresentados no Fórum Brasileiro de Segurança Pública demonstrou um crescimento de 74,5% no número de golpes eletrônicos em 2021, na comparação com o ano anterior.

A facilidade com que os criminosos conseguem hackear os aparelhos e descobrir as senhas levou muitos a optarem pelo reconhecimento fácil disponível em muitos aparelhos. Mas será que essa solução é realmente segura?

A biometria facial é totalmente diferente do reconhecimento facial, são tecnologias distintas. Especialistas recomendam, inclusive, não utilizar o desbloqueio pelo reconhecimento facial nos aparelhos.

“Isso precisa ser desmistificado. O reconhecimento facial, por ser mais simples e estar localmente no dispositivo, pode ser hackeado muito facilmente se o aparelho for roubado. Já na biometria, os dados estão nas nuvens e não há como plugar um cabo ali para hackear”, afirma Guilherme Bacellar, especialista em segurança cibernética da Unico, empresa de tecnologia com foco em identidade digital.

Como funciona?
A biometria facial é criada em camadas de segurança. Começa pela coleta das informações, passa pela transmissão dos dados e o processamento das informações dos dados e da face. É preciso garantir que tudo seja feito a partir de um dispositivo seguro. “Imagina você utilizar um check in com biometria facial em um hotel. Precisamos garantir que não tenha nenhuma câmera escondida ali copiando seus dados”, alerta Bacellar.

Os dados também precisam trafegar em um ambiente seguro para garantir a privacidade das pessoas. “Nós transmitimos de forma muito protegida pela nuvem e lá é processado, porque estamos longe e seguros contra hackers e criminosos”.

O sistema é tão eficiente que mesmo com o passar do tempo é capaz de acompanhar as mudanças do ser humano. Isso significa que quanto mais ela for usada, mais protegido o usuário ficará, pois mesmo com o uso de maquiagem e possíveis mudanças físicas, há uma análise automatizada e humana para confirmar essa identidade e ter mais assertividade, relata Bacellar.

Importância da informação
Na avaliação dos especialistas, a segurança promovida pelo uso da tecnologia correta levará o brasileiro a superar o medo e o risco de ter seus dados vazados ou ver suas contas “zeradas” pelos criminosos. Por isso, o acesso a essas informações e tecnologias devem ser cada vez mais difundidas.

“Não adianta falar que tem que colocar um bilhão de senhas ou não pode usar celular na rua. De que adianta? Quais pessoas vamos atingir? Você é dono dos seus dados, mas implica em uma responsabilidade minha também”, destaca Bruno Bione, especialista em privacidade e proteção de dados do Data Privacy.

Por isso, apostar na cibersegurança e na divulgação maciça e correta de informações para a população também é apontado como caminho sem volta por Bione, especialista em privacidade e proteção de dados do Data Privacy.

“As instituições vão começar a se capacitar tendo como norte a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e as pessoas precisam ser educadas e obter informações sem jargões bonitos ou nomes técnicos difíceis de pronunciar. A sociedade civil e as empresas têm de atuar em conjunto e se comunicar de forma clara e transparente para isso”.

Dicas dos especialistas
· Cuidado ao usar o celular na rua. Bandidos aproveitam momentos de distração das vítimas para roubar ou furtar o aparelho.
· Não mantenha o envio do código de SMS para o seu próprio número como fator de autenticação. Envie para o seu parceiro, pai ou amigo. Assim, caso seja roubado, o código vai para outro número e não para um número que você já não tem mais o aparelho na mão.
· Mantenha o celular atualizado. Sempre que chegar uma notificação do seu fabricante, atualize. Ela foi feita para manter você seguro.
· Utilize sua impressão digital para desbloquear o aparelho. Se a função não estiver disponível, coloque uma senha forte e não um pin.
· Se tiver um desbloqueio facial para reconhecer o aparelho, remova. Assim ficará mais seguro, porque ele não é biometria facial. Ao contrário, é bem mais simples, porque as informações são guardadas no próprio aparelho. Na biometria facial, os dados vão para a nuvem.

 

*Conteúdo publicado em parceria com o Estadão. Sua reprodução em veículos de comunicação é permitida.