Com roubos de celulares em alta, biometria facial se torna aliada do consumidor contra fraudes

01/12/2022 3 min de leitura

Especialista diz que tecnologia pode aposentar senhas e dá dicas para pessoas se protegerem no dia a dia

As facilidades do mundo digital atraíram com mais intensidade a atenção da população, principalmente, durante a pandemia do coronavírus. O problema é que aconteceu o mesmo com os criminosos, exigindo o aprimoramento e, até mesmo, a criação de equipes especializadas para combater esses criminosos.

Com roubos de aparelhos em alta no País, é preciso proteger os dados com segurança antes que criminosos tenham a chance de acessar aplicativos de banco e, com isso, fazer um estrago na conta. Para os especialistas, a biometria facial é um dos caminhos mais seguros para evitar complicações.

Dados comprovam que todo cuidado é necessário. Matéria divulgada recentemente pelo Estadão demonstra que os lucros significativos nos roubos por meio de Pix e em outros golpes cibernéticos atraíram até mesmo o interesse de redes criminosas, de acordo com investigações da polícia.

Só para se ter uma ideia, 97 smartphones foram roubados ou furtados por hora no Brasil em 2021, segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em São Paulo, somente no primeiro bimestre deste ano, a cada cinco minutos um paulistano engrossou as estatísticas. Na maioria dos casos, as senhas de app de bancos são o principal alvo.

Mas como os criminosos têm acesso a esses dados tão rapidamente? É cada vez mais comum os usuários deixarem anotadas as informações em e-mail, bloco de notas ou até em mensagens de aplicativos de conversa. O envio de códigos de autenticação para o próprio número também é apontado como facilitador para as quadrilhas.

Sem muito trabalho, eles “limpam” as contas bancárias das vítimas, fazem empréstimos e até realizam compras pela internet. Apenas o número de CPF, por exemplo, já é o suficiente para que um fraudador faça cadastros e compras em centenas de lojas físicas e virtuais, gerando ainda mais prejuízo para o real titular do dado.

Vazamento de dados pessoais, além de trotes e ameaças a parentes e amigos, também figuram na lista dos crimes digitais, após o acesso a agendas do aparelho.

Estratégia para se proteger
Para dificultar a ação de bandidos, adotar medidas de segurança contra fraudes, como uso da biometria facial, é o caminho apontado por especialistas. “É a tecnologia que utiliza o nosso rosto e suas diversas características únicas para identificar e autenticar individualmente cada pessoa”, explica Guilherme Bacellar, especialista em segurança cibernética da Unico, empresa de tecnologia com foco em identidade digital.

A biometria facial, segundo ele, é equivalente à biometria digital. Ou seja, cada indivíduo possui uma. “Mas ela é uma versão muito mais avançada que a biometria de dedo e pode ser utilizada por câmeras de notebook ou de smartphones”.

Mas, para que a biometria facial funcione adequadamente, é preciso necessariamente estar bem próximo dos dispositivos, sem acessórios, como bonés ou chapéus, e com uma boa iluminação. “Essa tecnologia não pode ser utilizada em multidões ou câmeras de vigilâncias, como as encontradas em estádios, shoppings ou estações de metrô. Isso é uma característica de privacidade”, diz Bacellar.

A tecnologia utiliza motores de reconhecimento biométrico, que são treinados para reconhecer os padrões da face. Por isso, toda tecnologia que usa o rosto como identificação necessita da maior quantidade possível de imagens do indivíduo, o que aumenta o nível de precisão a cada nova foto tirada.

“Quanto mais utilizamos, mais ela consegue perceber nossa face na detecção. E o sistema quanto mais te identifica, mais reconhece padrões diferentes de área do seu rosto. Entre 2019 e 2021, a Unico permitiu que mais de 38 milhões de brasileiros acessassem serviços financeiros com segurança e somente neste ano evitou mais de 2 milhões de fraudes por meio da biometria facial”, detalha Bacellar.

Fim das senhas e pins
A disseminação da tecnologia promete aposentar o uso de senhas, pins ou códigos de segurança como deslizamentos de tela. Não porque essas versões sejam ineficazes, o problema, diz o especialista, é que elas dependem demais do chamado fator humano.

“Precisamos criar senhas complexas e pins com muitos números. Não estamos imunes a erros, vício de comportamento ou distração. Podemos fazer algo correndo e sem perceber, porque não estamos concentrados o tempo inteiro”.

Bacellar atua há 14 anos no combate à fraude digital e reforça que ainda é muito comum que as pessoas utilizem senhas fracas ou numéricas em sites de aplicativos ou ainda o uso dos mesmos códigos para diferentes situações. De acordo com o especialista, isso deixa o usuário ainda mais exposto.

“Se ocorrer um vazamento de dados em um e-commerce, por exemplo, o criminoso vai pegar meu e-mail, meu CPF e minha senha e tentar logar em outros sites. Se reutilizo esses dados, significa que as chances são muito grandes de ele conseguir mais informações através disso. Facilita muito a vida do criminoso”, finaliza.