Unico People

• 13 de abril de 2022
• 6 min de leitura

No início de abril aconteceu o RH Leadership Xperience 2022, evento promovido pela Startse e patrocinado pela unico l people. Obviamente não perdemos tempo em aproveitar a oportunidade de um evento presencial e garantimos vivenciar de perto o que esperar para o RH nos próximos anos.

O evento recebeu mais de 20 speakers do setor, entre eles, profissionais líderes de recrutamento e seleção, empresários das mais diversas áreas e contou com quatro trilhas de conteúdos com foco nas principais tendências da tecnologia: Pessoas e cultura, Benefícios, Desafios da gestão e Tecnologias de humanização do RH.

Contamos um pouco do que vimos lá e do que aprendemos com tantos palestrantes geniais. 

Boa leitura!

Pontes construídas nos últimos dois anos

Em março de 2020, muitos de nós tivemos que trabalhar de casa pela primeira vez. Empresas precisaram se adaptar e, claro, o time de Recursos Humanos se reinventou. Perguntas vieram à tona “Como garantir o benefício de vale alimentação?” “Será que preciso contribuir com as contas da casa do meu colaborador?” “Quanto tempo tudo isso vai durar?”

Passaram-se dois anos e, de lá pra cá, trabalhar em casa deixou de ser uma medida emergencial e virou um novo modelo de trabalho, podendo ser híbrido, que intercala entre dias em casa ou no escritório ou 100% remoto. 

Com isso, empresas tiveram que repensar em suas carteiras de benefícios, carga horária, burocracias de escritórios, admissões e culturas organizacionais.

Uma nova visão de mundo

Uma nova visão de mundo foi o tema de abertura do RH Leadership Xperience, promovido pelo Cristiano Kruel, Chief Innovation Officer & Sócio da StartSe.

Segundo ele, vivemos em uma era de ambiguidade e incertezas, pois todos estão no mesmo barco: o de experimentar. Este é o grande desafio da gestão moderna. Além disso, outros pontos abordados por ele são a cultura tóxica existente em algumas organizações. Essa, para os colaboradores, 10x mais relevante do que o salário na hora de entrar ou sair de uma organização. 

Outro ponto bem importante é a vazão de profissionais da área tecnológica para outros países, o que cria uma oportunidade de novas pessoas surgirem, afinal, segundo a Gartner, até 2024, 80% dos produtos tech serão construídos por profissionais que não são da área. 

Desafios da Nova Gestão

Para Vinícius David, especialista em performance e gestão, a liderança e o papel das pessoas nos negócios nunca foi tão importante como agora. É preciso, mais do que nunca, perceber os talentos existentes dentro da empresa e fazer um movimento de dentro pra fora, ou seja, replicar estas pessoas, decodificando DNAs e percebendo quais habilidades, através das pessoas, fazem sentido dentro do seu negócio. É preciso ter uma liderança multiplicadora. Multiplique seus talentos internos, são eles que fazem a sua empresa ser o que ela é.

Com um mundo cada vez mais sem fronteiras, onde a pessoa pode estar em qualquer lugar e trabalhar em e para qualquer lugar do planeta, a briga e a concorrência hoje é global e não mais nível Brasil. 

Como manter a cultura organizacional em 2022?

Não existe uma empresa que não tenha enfrentado mudanças na gestão da cultura organizacional nos últimos dois anos, não é mesmo?

Esta cultura é primordial para recrutar e reter talentos. Cuidar da cultura, no mundo que vivemos hoje, dá lucro, pois no final das contas o que faz um colaborador não sair de uma empresa é o que compensa para ele.

A questão fundamental é perceber se a sua empresa terá uma cultura acidental que vai se criar organicamente ou uma cultura intencional, aquela que se desenvolve a partir de nossas escolhas.

Gui Marbeck, palestrante, sócio e head de cultura da Crescimentum, disse, durante o evento, que a cultura existe a partir da relação das pessoas e ela está conectada com a estratégia, a liderança e o processo decisório da organização. 

É preciso, além de  trabalhar com os 3 CS: Clareza, Coerência e Consistência, ter flexibilidade na cultura. Não adianta ter uma frase avassaladora, pois cultura forte é aquela que garante flexibilidade, dialoga com as necessidades individuais. Esqueça padrões pré-estabelecidos.   

“se nós cuidamos das pessoas, as pessoas cuidam da organização. E o conjunto disso cuida do planeta” Gui Marback 

 

Flexibilidade é a palavra do momento

Flexibilidade foi a palavra utilizada em todas as palestras do RH Leadership Xperience, isto porque, com um grupo de pessoas trabalhando de casa e outras do escritório, é preciso, mais do que nunca, oferecer um cenário de acordo com a realidade de cada um. Se uma pessoa nunca vem para o escritório, ela não precisa de vale combustível, por exemplo. 

Flexibilidade na hora de atrair pessoas

Na hora de criar uma vaga, é necessário ser o mais transparente possível, mostrar os pontos deste cargo e deixar claro o posicionamento da empresa, pois no fundo, as pessoas buscam por esse match.

Como mencionamos anteriormente, empresas e o modo de fazer gestão estão sendo experimentados. Novos negócios têm surgido e algumas coisas ainda não estão definidas, isto permite com que as pessoas testem. É preciso dar liberdade com responsabilidade e fornecer um espaço seguro psicologicamente para que os colaboradores se sintam à vontade para falar e fazer o que pensam.

Formatos de Trabalho

Antigamente tínhamos muito bem definidos em nossas vidas o lugar onde moramos, aprendemos, estudamos e trabalhamos. Hoje, utiliza-se de um lugar só para tudo isso: sua casa ou ainda qualquer lugar do mundo através da internet.

Não encaixamos mais a nossa vida no trabalho, mas sim o trabalho na nossa maneira de viver a vida. 

Muitas pessoas, depois destes dois anos de Pandemia, decidiram não ter mais uma casa. Estas, nem olham para vagas presenciais, por exemplo. 

Gerenciamento de pessoas em tempo real

O uso da tecnologia na hora de gerir tempo, atividades e se comunicar se intensificou. Mas é necessário ter em mente que devemos utilizá-la para empoderar pessoas e não para ocupar o lugar delas.

Com estas tecnologias, o RH precisa ficar de olho no comportamento das pessoas. Aí entra a flexibilidade na hora de fazer gestão. Esta pessoa colaboradora está no mesmo fuso que a empresa? Como posso fazer esta pessoa se sentir pertencente a minha organização? Ela precisa ou tem alguma agenda pessoal num horário específico?

Esqueça o pacote de benefícios

Com um grupo de pessoas trabalhando de casa, outro do escritório, outro em um país diferente, não dá mais para a empresa oferecer um pacote de benefícios engessado e único para todos.  

Cada colaborador demanda soluções específicas de acordo com o cenário dele. É preciso levar em conta se a pessoa tem filhos, em qual cultura ela vive, qual cidade ou país mora. Neste momento o RH deve olhar para o funcionário como se ele fosse um cliente.

E esse tal de Metaverso?

Várias empresas estão atuando no modelo “remote first”. Você tem um colaborador que mora em outros estados, nunca vai até o escritório para sentir o clima da organização. Com o metaverso, é possível que esta pessoa conheça a copa da empresa, veja a decoração, se sente na cadeira na sala de reuniões.

Existem muitas especulações, muitas apostas, mas poucas certezas ainda sobre este tema que, convenhamos, até os mais entendidos do assunto ainda estão estudando e compreendendo melhor do que se trata. Porém, quando falamos em RH, já podemos pensar nas possibilidades: em quais experiências digitais os colaboradores estariam interessados? De que forma uma experiência na realidade virtual pode complementar a jornada do funcionário no plano físico? E por último, mas não menos importante, será que um cenário de trabalho digital criaria mais vínculos entre as pessoas da mesma empresa? Pertencimento foi outra palavra muito ouvida durante o maior evento de RH da América Latina. Fica aí o reflexão, RHs!

Saúde Mental veio com tudo em 2022

Com tantas tecnologias aparecendo, tem coisa que não pode deixar fora do radar: a saúde mental dos colaboradores. Não é atoa que Burnout foi reconhecida como doença ocupacional em janeiro. 

Uma atitude bacana do RH Leadership Xperience foi reunir, numa mesma palestra, o tema saúde mental e saúde financeira. Falar sobre dinheiro é tabu dentro de casa e nos relacionamento, imagina nas empresas, né?!

Não é difícil ouvirmos frases como: “as pessoas estão em primeiro lugar”, “saúde é o mais importante para nós”. Na prática, no dia a dia, isso não acontece. No Brasil, durante a pandemia, houve um aumento de venda de antidepressivos. 

Mas onde entra o financeiro nesta história toda?

Ana Rosa, Diretora de Marketing do Creditas, trouxe um dado importante sobre a saúde financeira dos colaboradores. Segundo ela, pessoas endividadas ocupam de 1h a 1h30 do dia para lidar com problemas ocasionados pela dívida.  Imagina, você, com algum projeto importante para entregar e pensando nos boletos?

Mais espaço para diversidade

Outro tema abordado durante o RH Leadership Xperience foi diversidade e inclusão. 75% das startups brasileiras acreditam que apoiar inclusão nos negócios é importante, mas na prática, 3,3% destas empresas possuem um colaborador transsexual. 

Cammila Yochabell, Fundadora & CEO da Jobecam, apresentou a ideia de entrevistas anônimas ou “entrevistas às cegas” (SIC), que nada mais é do que entrevistar o candidato através de uma plataforma onde ele não apareça em vídeo, mas utilize um avatar, sua voz é distorcida e o sexo e a orientação sexual não são reveladas. 

Para ela, esta seria uma boa saída para evitar a discriminação estrutural, onde se tem um grupo dominante, por, exemplo, homens brancos e discriminação cognitiva, relacionado ao físico e estilo de vida. 

Além disso, ressaltou que “entender o poder da diversidade nesses espaços pode ter vários ganhos. Não somente aqueles que estão na ponta do iceberg como lucro, produtividade e engajamento, mas principalmente valor, prestígio e representatividade.”

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