Brasil amplia digitalização, mas desperdiça R$ 104 bilhões com processos tradicionais de identificação, aponta FGV

19/04/2023 5 min de leitura

Estudo inédito revela que os gastos com processos tradicionais de validação da identidade podem chegar até R$ 174 bilhões ao ano, além de ampliar a ineficiência e potenciais fraudes.

 

O Brasil chegou à marca de 165 milhões de pessoas conectadas à internet, segundo o relatório Digital 2022, com maior oferta de serviços digitais por empresas e governo. A pandemia acelerou quatro vezes o processo de transformação digital na iniciativa privada, e o país ficou em segundo lugar em maturidade digital do governo no ranking do Banco Mundial. Contudo, um estudo inédito da FGV/Unico aponta que esse avanço foi acompanhado pela ineficiência: em 2021, desperdiçamos, pelo menos, R$104 bilhões de reais devido à falta de processos digitais de identificação nos serviços online.

O Custo Brasil da Identificação, estudo encomendado à FGV pela Unico, empresa líder em identidade digital, revela que, no ápice da digitalização de 2021, o custo de provar que você é você variou de R$ 104,4 bilhões a R$ 174,2 bilhões, o que representa de 1,20 a 2,00% do PIB naquele ano. Um resultado expressivo quando comparado ao impacto esperado de reformas, como a tributária e previdenciária. “O país perde três vezes mais com a ineficiência dos processos de identificação do que o valor que se espera economizar com reformas importantes”, afirma Renan Pieri, professor do Departamento de Planejamento e Análise Econômica da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV/EAESP).

Essa ineficiência tem um peso importante também no bolso: cada brasileiro gastou, em média, de R$ 497 a R$ 830 no ano para se identificar, em serviços rotineiros, como liberar uso de cartão no banco ou entregar documentos para ser admitido em um emprego. É como se quase 70% de um salário-mínimo fosse, anualmente, destinado para custear ações que poderiam ser feitas de forma digital e com segurança. Na conta, entram gastos como tarifas e taxas cobradas, além de custos indiretos, como o deslocamento e a espera pelo atendimento no local em que o cidadão precisa comprovar a sua identidade.

Os resultados revelam que o país não tem aproveitado da melhor maneira possível as oportunidades da evolução tecnológica – que incluem até mesmo as mais recentes soluções em inteligência artificial e o 5G, por exemplo. “A vida se tornou mais digital, mas provar que ´eu sou eu’ ainda continua seguindo a lógica tradicional, com muitos processos físicos e desperdício de tempo e dinheiro. Empresas e governo têm investido para engajar as pessoas no mundo online, mas ainda há um longo caminho para inovar no quesito autenticação de identidade, garantindo segurança e privacidade”, explica o professor.”

O objetivo do levantamento foi mapear as situações mais relevantes em que provar a própria identidade pode representar um entrave ou um custo e contribuir com o debate de como tornar empresas e governos mais eficientes. 

Foram analisados pelos pesquisadores da FGV uma série de dados e processos, inclusive os que envolvem a relação entre empresa e consumidor; empresa e empresa; e consumidor com consumidor. Nessas relações, o custo da identificação pode ter chegado a R$ 51,9 bilhões de reais somente em 2021. Se olharmos para o grupo trabalhadores/empregadores, o valor alcança R$ 22,9 bilhões, sendo 33% maior que o custo estimado para as relações entre cidadãos e governo (R$ 17,2 bilhões). Além disso, o estudo também destaca que os entraves de identificação tradicional geram fraudes que acarretam custos que vão de R$37,3 a R$72,2 bilhões.

Os cálculos são baseados nos custos relacionados a situações do cotidiano, como:

  • Processos de contratação de recursos humanos: custo aproximado de R$ 14.6 bilhões (ou aproximadamente R$ 150,00 para cada brasileiro na população economicamente ativa);
  • Assinaturas/registros de contratos e escrituras: custo aproximado de R$ 5.9 bilhões (ou quase R$ 37,00 por cada brasileiro adulto);
  • Deslocamento para a emissão de documentos e exercício da cidadania (votar, realizar prova de vida): custo aproximado de R$ 4.2 bilhões (ou R$ 26,40 para cada brasileiro adulto);
  • Deslocamento ao cartório para assinar documentos: custo aproximado de R$2.9 bilhões (ou quase R$18,30 para cada brasileiro adulto).

“Conseguimos identificar um grande potencial de aumento na eficiência econômica que pode ser gerado pela implementação de processos baseados em identidade digital”, explica o professor Renan Pieri. O economista destaca que tais ganhos podem ser ainda maiores para o país com a adoção de mecanismos de identidade digital avançada, que possibilitam o armazenamento de informações adicionais atreladas a identidades individuais, como dados fiscais, por exemplo.

Custo Brasil da Identificação

Essa não é a primeira vez que a Unico investiga os desafios da identificação no Brasil. No ano passado, em parceria com o Instituto Locomotiva, a empresa pesquisou 43 situações cotidianas, como cadastro em lojas, registro para ingressar em um emprego, em instituições de ensino ou para realizar consultas e procedimentos médicos, além de percepções das burocracias existentes em serviços públicos e privados.

Os resultados mostraram que 77% dos brasileiros percebiam que desperdiçavam tempo e dinheiro provando a própria identidade. No ranking por setores, a iniciativa privada representava 64% dos 10 serviços listados.

Dessa vez, o estudo da FGV estimou o Custo Brasil da Identificação, que representa o quanto o país gasta no processo de identificação tradicional (por meios físicos), em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). A instituição conduziu análises de custos diretos e indiretos associados à identificação tradicional a partir de cerca de 15 bases de dados públicas e privadas.

Diego Martins, CEO da Unico, lembra que a identidade digital, além de gerar valor econômico, promove progresso social e permite ampliar o acesso das pessoas a bens e serviços. De 2019 a 2021, a tecnologia da empresa viabilizou que mais de 38 milhões de brasileiros acessassem serviços financeiros digitalmente em bancos e instituições de crédito.

“No Brasil e no mundo, estamos avançando rumo a uma economia cada vez mais digital. Contudo, não adianta implantarmos ferramentas para que os acessos a produtos e serviços sejam feitos de forma digital, se, na hora que o brasileiro precisa comprovar sua identidade, ainda seja obrigatória a presença física, e todos os custos que isso envolve, para a apresentação de documentos ou validações de identidade. O Custo Brasil da Identificação evidencia a urgência de colocarmos a modernização de sistemas de identificação públicos e privados como tema prioritário para o desenvolvimento econômico do país”, afirma.

 

Sobre a Unico: A Unico é uma empresa brasileira especializada em identidade digital, fundada em 2007. A IDTech se tornou um unicórnio em agosto de 2021 e já recebeu quatro rodadas de investimentos, posicionando-a como a segunda empresa SaaS mais valiosa da América Latina, em 2022. A Unico desenvolve soluções inovadoras para a proteção da identidade dos brasileiros nas relações com empresas privadas. São elas: biometria facial para autenticação de identidades, plataformas de educação corporativa, gestão de compra e venda de veículos e admissão digital com assinatura eletrônica, que foi reconhecida com o prêmio Top of Mind de RH. A companhia está presente em mais de 800 empresas-clientes, entre os maiores bancos privados, varejistas, fintechs, e-commerces e indústrias do país. Em 2022, a Unico foi nomeada como uma das empresas privadas mais promissoras do ano pela 5ª Edição do Ranking Anual Fintech 250 da CB Insights e esteve presente no Ranking Exame Negócios em Expansão, que reconhece as empresas brasileiras que mais cresceram no último ano. A IDTech é associada ao Fórum Econômico Mundial e integrante do Grupo de Trabalho sobre Confiança Digital. A empresa também desenvolve pesquisas em parceria com instituições acadêmicas nacionais. Saiba mais em https://unico.io

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